sexta-feira, 24 de julho de 2009

Ações da cracolândia, moradores de rua estão no caminho certo!

As agencias de notícia continuam dando destaque para a cracolândia, enfocando o projeto da Nova Luz e a Ação Integrada Centro Legal; segundo Gilberto Dimenstein, hoje para a Folha de São Paulo, a atuação da prefeitura, da polícia e da sociedade civil, que é especificamente representada pela aliança Viva o Centro, está no caminho certo, sendo a integração de serviços seu principal trunfo. No entanto a integração ainda esta longe do ideal de gestão, além de a oferta de serviços específicos ser baixa, a internação não pode ser compulsória e mesmo que tenha sido a alternativa mais aplaudida pela opinião pública, deve ocorrer dentro da normalidade da Lei Federal 10.216, de 6 de abril de 2001 e pautada em um laudo médico que ateste um transtorno grave.
Existe um pressão política e institucional para que os agentes que atuam na área convençam os usuário a se internarem – para que fiquem longe das ruas por uns dias – contudo o que se vê é que 80% das pessoas abordadas se recusa a receber algum atendimento. Este número indica que para que um usuário de crack, que rompeu com a família, o trabalho, e a maioria dos laços sociais que tinha, decida mudar sua situação e busque um novo sentido à sua vida, é preciso de tempo. Tempo para que se conheça sua história, para que se crie vínculo e confiança e opções de encaminhamento pisicossocial, possibilitando alternativas reais para que este indivíduo faça novas escolhas e deixe as ruas. A sociedade brasileira e a classe política prescisa aprender que sai muito mais caro remediar uma questão social, como o abuso de crack e a violência decorrente, do que prevenir com escolas, creches, melhor atendimento na saúde e principalmente emprego digno.
Pela internet podemos observar a opinão de muitas pessoas que comentam as notícias sobre a cracolandia e muitas vezes revelam um lado preconceituoso e autoritário, em geral parcelas da classe média que são mais diretamente atingidas pela violência tende a repudiar de forma mais enérgica a humanização de criminosos e usuários de drogas, portanto o debate com a opinião pública deve ser cuidadoso para que não se distorsa as soluções em simples repressão.
No outro lado dessa história, se pensarmos mais profundamente no fenômeno dos moradores de rua, percebemos que não estão parados, que não são passivos em relação as políticas públicas e que também desempenham um papel neste conflito e empregam uma ação.
Reagindo as propostas higienistas e visando a construção de um debate público e um política nacional para a população de rua movimento Nacional da População de Rua (MNRP) a Pastoral do Povo da Rua, a Organização de Auxílio Fraterno (OAF-SP), o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) e Associação Rede Rua, somam esforços para colocar a questão na agenda pública e transformaram-se em um Fórum permanente e estão presentes em todas as consultas públicas sobre o plano de metas na Nova Luz para responder as evasivas explicações dos técnicos da prefeitura de São Paulo sobre as ações na região. São a única voz que representa o povo da rua e oferece um contra-ponto à visão da polícia, dos comerciantes e moradores e da sub-prefeitura da Sé. O protagonismo desta população é a chave para a resolução deste conflito. Para quem se interessa pela versão da rua dessa história o Fórum Centro Vivo é um ponto aglutinador destas ações e debates.
http://www.centrovivo.org/

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