segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Um educador social na Cracolândia

Publicado em Passa Palavra no dia 24/01/12


As elites concordam que a periferia deve ficar na periferia, porque o grande problema de moradia da cidade está lá. A população de rua do centro e o grande número de famílias em ocupações são uma consequência da miséria da periferia. Por Wanderley, entrevistado pelo Passa Palavra





Wanderley é Educador Social desde 2007. Trabalha com projeto de recuperação de menores em situação de risco situados na Cracolândia. Não é um doutor especialista no assunto, porém é alguém que vive, trabalha e pensa cotidianamente a respeito da situação de pessoas em condições de extrema vulnerabilidade. Viu e viveu situações de descaso e desrespeito da legislação por parte de agentes do Estado contra estas pessoas. Nesta conversa fala sobre projetos de revitalização das regiões centrais de São Paulo, organizações que trabalham com recuperação de dependentes químicos na região, o significado da atuação dos aparelhos repressores do Estado, assim como a relação da existência da Cracolândia com a questão da miséria e da especulação imobiliária. É a Wanderley agora a quem passamos a palavra.



Passa Palavra (PP): Como vê os reiterados projetos de recuperação das áreas centrais de São Paulo, tais como Viva o Centro, Nova Luz e Luz Viva?



Wanderley (W): O Viva o Centro surgiu no início dos anos noventa, quando o crack era novidade, e de certa forma representa uma visão higienista de comerciantes, na maioria, que não querem pivetes [meninos de rua] ou mendigos nas portas de seus comércios. A ideia central é essa, buscam sempre formar parcerias com as entidades do centro e principalmente com a Guarda Civil Metropolitana (GCM), e justamente por existir há muitos anos é muito forte junto à Prefeitura, a vereadores, etc. No entanto, não representa investidores que têm capital para investir pesado no mercado imobiliário. A Nova Luz apenas surge, mesmo depois de muita pressão da elite do centro, quando os investimentos ficam mais certos nas negociações, que devem ter se desenrolado durante muito tempo, e por isso a ideia de revitalizar o centro foi sendo empurrada com a barriga [avançou lentamente e a custo] apenas com ações midiáticas. Em 2007 muitas entidades realizavam atendimento com as crianças da Cracolândia, Sé e Vale do Anhangabaú. Os comerciantes reclamavam, a polícia dava geral em todo mundo, educador, criança de menos de dez anos, mas o trabalho acontecia. Por pressão do Viva o Centro, de 2007 para 2008, uma operação policial dispersou a população de rua. Já que não podiam eliminar a ação dos serviços de proteção social, inviabilizaram sua ação, agravando a situação de vulnerabilidade de muitos. O Vale [do Anhagabau] e a Sé tiveram uma diminuição da população de rua; contudo, a fuga foi para a Cracolândia, crianças que antes cheiravam uma colinha passaram a pipar pedras.



Nova Luz e Luz Viva são nomes criados para dialogar com a opinião pública, quando um fica queimado eles inventam outro. Em 2009 as desocupações começaram a se intensificar, com locais tradicionais como o Mercúrio sendo desocupados. E neste ano começou um projeto chamado Centro Legal, que, esse sim, é o projeto de intervenção higienista do centro que vai subsidiar a Nova Luz imobiliária. Com a participação de juízes, promotores e figuras como Luís Alberto Chaves de Oliveira, o Laco, coordenador de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Estado da Justiça, defensor da internação compulsória, o Centro Legal propala a balela de que com internação se cura o adicto e se acaba com a Cracolândia. Participei de um seminário do Centro Legal onde defendia-se que o melhor fluxo para tratar o viciado era: internar compulsoriamente e depois de seis ou nove meses encaminhar para uma república de ex-dependentes que teriam o sangue testado periodicamente e, caso fosse detectada uma recaída, ele seria internado novamente. De fato, isso não chegou a acontecer dessa forma, o município não tem essa estrutura. No entanto, as internações, mal e porcamente, se intensificaram. Apenas internações compulsórias, nenhum outro tipo de trabalho. Há casos de adolescentes internados que ficam seis meses em uma comunidade terapêutica e em nenhum momento a família é contatada, nem se sabe para onde “devolver” o menino. Aumentou o número de atendimentos, mas ninguém é atendido de fato, apenas varrido para debaixo do tapete.



De certa forma, o problema da Cracolândia é secundário para a questão imobiliária. As desocupações são o carro chefe. Essa tentativa de acabar com a Cracolândia é a verdadeira operação “espalha bosta”. Logo quando se espalharem por Higienópolis, a elite do centro terá saudades dos tempos em que ficavam escondidos em becos inóspitos. Quando o investimento aparece, a Prefeitura senta a borracha e a obra começa, é a grana que dita o ritmo. O problema geral da população de rua não se resolve só na borracha e, por isso, as ações higienistas são necessárias para assimilar à institucionalidade do Estado essa população, internando, prendendo ou levando de um lado para o outro fingindo que sumiram [desapareceram].



A Nova Luz é um projeto de longo prazo e o Centro Legal veio pra ficar. Eles representam os anseios de uma elite higienista, que só quer pobre no centro trabalhando, morando não, na calçada menos ainda. E representam os interesses de especuladores imobiliários que perceberam o bom momento para investir no centro, já que a degradação que barateou os aluguéis por um tempo trouxe um público novo que reacendeu o comércio, os serviços e a ira dos fascistas.



PP: E quanto às novas iniciativas de ocupação do Centro da Cidade, como o churrascão do último dia 15 na Cracolândia?



W: Esse evento foi patrociado por um vereador e a Soninha Francine tá na fita [jogada]. O PPS [Partido Popular Socialista] tá doidinho pra assimilar o pessoal naipe jovem que anda de bicicleta, come soja e frequenta cinema cult aqui em Sampa [São Paulo], é um samba do criolo doido de entidades, esse pessoal só representa a classe média.



PP: Quais são as organizações que trabalham de forma responsável com a questão dos usuários na Cracolândia? Qual é o foco que procuram dar ao próprio trabalho?



W: É difícil dizer quem é ou não é responsável. O que posso adiantar é que existem muitas instituições vinculadas a Igrejas e financiadores internacionais, que não mantêm relação contratual de convênio com a Prefeitura. Elas fazem da forma como querem o seu trabalho. Acredito que a deficiência destas instituições, além dos óbvios contornos ideológicos, é o não desenvolvimento técnico e teórico para o trabalho. A coisa parte da intuição e não de um conhecimento acumulado sobre a prática. O que é ruim mesmo é o que é oferecido pela Prefeitura. Duas ONGs [1] são as mais embasadas [os que têm mais base] e por isso mantêm o foco no atendimento. Cada situação é única e o que deve ser feito é conhecer melhor a história de cada indivíduo e o contexto em que está inserido; a resolução é construída em conjunto e longitudinalmente. É muito raro ver instituições que abandonaram totalmente o assistencialismo e passaram a trabalhar de forma mais profunda. Diferenciar uma ação, responsável ou não, talvez só possa ser feito com base no tipo de continuidade que se dá a partir do momento que o usuário dá entrada no serviço. Com os nóias [como pejorativamente são chamados os usuários de crack] da Cracolândia isso não acontece e quem tenta, como uma destas ONGs, é boicotado pela burocracia e pela falta de insumos [inputs].



PP: Qual é o papel da Polícia Militar (PM), da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e demais aparatos de repressão para a manutenção/desmantelamento da Cracolândia?



W: A GCM é comparsa do Viva o Centro. A Secretaria de Assistência ora ou outra convoca a GCM para aplicar um plano de operação padrão e participar de eventos, é o braço armado da Prefeitura contra a informalidade e a população de rua. Mas pouco eles podem fazer de efetivo, além de violentar gratuitamente as pessoas e roubar os trabalhadores. Vive-se distribuindo material de apreensão da GCM pelas secretarias e departamentos, garrafas de café, DVDs e até mesmo objetos pessoais de moradores de rua, como o caso do senhor que morava num mocó [barraco] em Pinheiros e realizava pequenos consertos na vizinhança e teve a furadeira e as ferramentas roubadas em uma ação da GCM. Num dia eles tomam o RG [bilhete de identidade] do morador de rua, no outro encaminham para o Poupatempo [programa do governo do estado de SP que reúne em um único local serviços de atendimento ao cidadão, sobretudo emissão de documentos].



A PM é simplesmente a dona da boca [ponto de venda de droga] e muito a contra gosto está atendendo às ordens do governador; ela fatura mais de cem mil [reais] por semana. No meio da Cracolândia duas viaturas param em frente a uma casa, PMs empunham armas para todos na rua, de um outro carro desce um oficial graduado de boina, entra na casa, fica menos de 5 minutos e sai escoltado… para bom entendedor meia palavra basta. Esta cena era muito comum quando eu fazia campo na Cracolândia. No geral a PM pouco agiu na Cracolândia durante estes anos; só é chamada para desocupação e reintegração de posse. A droga chega ao centro pelo DENARC [Departamento de Investigações sobre Narcóticos], que faz vista grossa para o tráfico na região há muitos anos. A PM não quer acabar com a Cracolândia, a GCM faz o que o Prefeito manda. No geral, a presença da GCM é mais constante e sua atuação é mais requisitada pelos munícipes conservadores.



PP: Qual foi o papel costumeiro que o Estado deu para estas pessoas em situação de risco na Cracolândia? Houve alguma mudança nos últimos tempos? Desde quando isto vem acontecendo?



W: Em 2007 e 2008 as duas ONGs já citadas trabalhavam na rua, e uma delas era a única instituição com ação na Cracolândia in loco. A Prefeitura mantinha um serviço de CRECAS [Centros de Reabilitação de Cidadania], abrigos provisórios e um sistema de transporte para apoiar todos os serviços da rede nos encaminhamentos. Como, evidentemente, a qualidade destes abrigos era muito ruim, as crianças circulavam de um para o outro, a todo instante, e em nenhum lugar se dava continuidade ao trabalho. Em 2009 a Prefeitura já havia desmontado o serviço de transporte e a presença de agentes de proteção nas ruas, fechou muitos abrigos e extinguiu juridicamente o abrigo provisório. Agora é necessária uma ordem judicial para o abrigamento. Em 2011 fomos proibidos de atuar na rua e na Cracolândia, a Prefeitura montou um serviço chamado Atenção Urbana e conveniou espaços de convivência. Através de uma manobra na data da concorrência, excluiu uma das ONGs de concorrer ao serviço nas ruas (Atenção Urbana), viramos espaço de convivência e perdemos o transporte para visitas domiciliares. Os serviços criados na gestão Alda Marco Antônio [vice-prefeita de São Paulo e Secretária Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social] apenas empurram de um lado para o outro as demandas, todo mês tem portaria nova ditando regras para o serviço, novos fluxos e prestação de conta. Estão obviamente perdidos e as pessoas contratadas, no geral, nunca tiveram experiência no assunto. É raro um educador ou técnico ficar no cargo mais de um ano, a não ser que seja cupincha de alguém na Secretaria. Depois do dia três somos obrigados a enviar um relatório de quem da Cracolândia foi atendido e para onde foi encaminhado, às 9, às 5 e às 21. A pressão é muita e o trabalho é muito precarizado, a maioria faz quarenta horas, sem capacitação, insalubridade, tudo vira banco de horas, os insumos [inputs] são poucos, 200 reais em alimentação por semana e eles querem que atendamos setenta crianças por semana. Na ONG que trabalho, trabalhamos 28 horas em acordo informal com a coordenação para compensar perdas salariais de cinco anos. Podemos dizer que o Estado atua montando e desmontando uma rede de serviços de baixo custo para que não se desenvolva nem uma cultura nem uma prática dirigida ao respeito e à dignidade desta população e principalmente impede que sua entrada na institucionalidade do Estado signifique gasto e precedentes para o fortalecimento de direitos. Fazem de tudo para que o cidadão desista de lutar pelo direito de uma moradia, por exemplo, distribuindo esmolas a poucos sortudos escolhidos. Todos dão entrada no sistema, ninguém é ouvido.



PP: Como Educador Social que trabalha na região da Cracolândia, percebe alguma relação entre a questão da moradia, a pobreza e a especulação imobiliária?



W: De certa forma o que disse acima responde um pouco esta questão. Os interesses são tanto de uma elite higienista tradicional do centro quanto de alguns investidores, que ainda não são tantos quanto a Prefeitura gostaria, e da PM, que é a dona da boca. O que as ocupações no centro denunciam é a repulsa que se tem contra moradias populares no centro pelo poder público e por essa elite. Pobre só mora no centro em situação irregular, as elites da cidade toda concordam que a periferia deve ficar na periferia, porque na verdade o grande problema de moradia da cidade está lá. A população de rua do centro e o grande número de famílias em ocupações são uma consequência da miséria da periferia, das péssimas condições de serviços públicos e infraestrutura urbana, do péssimo transporte… Todo mundo quer morar no centro, independentemente da classe social, mas a elite paulistana acha que o centro não é para todo mundo, muito menos para trabalhador. O problema está além dos imóveis ociosos que não são destinados a quem precisa. Afinal, essas famílias merecem algo melhor do que um prédio em pedaços reformado com uma mão de tinta. Existem, sim, terrenos e prédios que podem ser aproveitados para moradias populares no centro, além de um grande número de pensões irregulares que poderiam ser regularizadas numa perspectiva assistencial. A Favela do Moinho, incendiada covardemente, era um fenômeno recente; aquele terreno poderia abrigar um pequeno conjunto residencial popular antes de virar favela. O que mais vai expulsar a população de baixa renda do centro é a inflação dos aluguéis, que já começou a coagir muita gente que paga aluguel, não mora em ocupação, trabalha e estuda no centro. Mas como o mercado é quem manda, o Kassab [Gilberto Kassab, prefeito, ou seja, presidente da Câmara, de São Paulo] parece estar convencendo a opinião pública de que o centro vai ficar limpo e civilizado para a classe média; quem aluga sobe o preço e procura por um outro perfil de inquilino. Este processo, apesar de lento, é efetivo e não depende do fim da Cracolândia, apenas da fé dos capitalistas de que o centro hoje vale mais.



Nota



[1] Por solicitação do entrevistado, as referências aos nomes das ONGs que atuam na região central de São Paulo foram suprimidas.



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

DENUNCIA ! - CARTA DOS ADOLESCENTES DA FEBEM/FUNDAÇÃO CASA, DENUNCIANDO A UNIDADE JATOBÁ -UI28

Transcrição da Carta dos adolescentes da FEBEM/FUNDAÇÃO CASA Unidade de Internação Jatobá -UI28, denunciando as torturas que sofrem na Unidade.






Em 13/08/2011, recebemos esta carta escrita pelos adolescentes da FEBEM UI28, denunciando as torturas que eles e seus familiares vem sofrendo e cobrando uma posição das autoridades em relação ao fato apresentado. Segue a carta transcrita:









“Nós adolescentes da casa Jatobá, UI 28 do complexo raposo tavares, pedimos para que a vossa exelência nos de atenção imediata, o motivo da solicitação é pelo fato de nós adolescentes nos encontrarmos sofrendo diversas opressões, e os ocorridos fazem gerar um transtorno terrivel não só fisicamente aos adolescentes como na mente de seus familiares.



Estamos em um ambiente a onde a opressão fisica e psicológica fazem parte de nossa dificil rotina, por esse fator alguns adolescentes com trauma psicológico não conseguem se quer dormir em paz, com medo de acordar sendo agredidos por quem deveria os reeducar. E a negligência médica também está sendo exercida pelos mesmos, diversos adolescentes se encontram com gripe e considerando que as doenças se agravam e atravéz disso jera febre, mediante a isto o descaso médico continua a ser praticado. ( A aguá gerada do banho faz com que isso se agrave deixando os mesmos em uma situação de risco).



Gostariamos também de deixar vocês cientes de que; de que vem se ocorrendo com frequência humilhações direcionadas aos nossos familiares, os mesmos ofendem nossos famíliares com palavras de baixos calões, e mesmo diante dessas situações nós adolescentes não queremos conflitos com o corpo funcional e com a direção da unidade, ao contrario nós desejamos que tenha solução para estes entre outros constrangimentos causados principalmente pela direção desta unidade de internação. As nossas necessidades de higienização e alimentação não estão sendo suplidas, o mau cheiro nos banheiros, dormitórios e no refeitório vem trazendo mau estar para o nosso convivel, as roupas vem a serem trocadas uma vez por semana, e os alimentos que além de virem estragados e com pedras e materiais recicláveis deixados pelos (a) cozinheiras (o) da (comvida) empresa que fornece a alimentação no complexo raposo tavares e na unidades da fundação casa ligadas a “ D.R.M 4”.



A senhora diretora cujo o nome é “tânia”; vem pressionando diretamente os adolescentes insinuando que vai colocar 90 homens da G.S.I (grupo de segurança intensiva) dentro da unidade, e o motivo mensionado pela mesma é de estarmos pedindo um tratamento digno para nós e aos nossos familiares.



Precisamos de alguém. Na direção da unidade que realmente queira nos reeducar não nos maltratar da forma hostil e opressora que vem acontecendo e tomando uma proporção maior, os ematomas nos nossos corpos são visiveis e a nossa expressão facial retrata os danos causados pelas diversas opressões sofridas,a mesma diretora diz ter ordens da doutora Berenice para a pratica de suas iniquidades mencionando até ser amiga da mesma e por isso ela justificou que nada seria feito para êczonerar-la do cargo, mas sabemos da legalidade de nossa constituição, e sabemos também que as providências devem serem tomadas, até porque somos seres humanos e não merecemos sermos tratados como animais em carcere privado sem uma atenção digna; sabemos oque ela faz fora da legalidade e queremos que vocês autoridades tomem providências, mediante os fatos.



A maioria das vezes os fatos que se ocorrem são no plantão noturno e principalmente com a presença da senhora diretora e da encarregada das tecnicas, psicológas e assistentes sociais considerando que; toda a equipe da direção são conivêntes e alguns são autores aos maus tratos praticados contra nós adolescentes que estamos traumatizados.



A senhora tania é quem disse que á disse/ que a doutora Berenice é a pessoa que ordenas essas ações ilicitas, a mesma ciênte de que essas atitudes são ilegais, diz que nada irá atingila. Nossos familiares estão cansados de serem enganados por que, quando apanhamos e falamos aos nossos familiares a mesma diz aos nossos familiares que estamos mentindo mas nossos familiares sabem que de fato tudo isso está se ocorrendo porque as marcas das torturas são visiveis.





Finalizamos esta humilde correspondência agradecendo as autoridades do forúm pela atenção importante que nos deram.





Aguardamos por uma atitude de vocês mediante todos esses fatos.





Obrigado!





Ass: adolescentes da UI 28



Complexo raposo tavares.



06/08/2011”















O FORUM REGIONAL DE DEFESA DO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE- SÉ, POSICIONA-SE A FAVOR DOS ADOLESCENTES E DAS FAMÍLIAS, DENUNCIANDO A FEBEM/FUNDAÇÃO CASA !





EM DEFESA DA JUVENTUDE!



Exigimos a responsabilização do estado, nas figuras da Presidente da FEBEM e do Governador de São Paulo!



Exigimos a responsabilização do Governo Federal pela sua conivência e Omissão!



PELO FIM DA FEBEM/Fundação Casa!





quinta-feira, 30 de junho de 2011

Fórum Regional DCA - Sé NOTA DE REPÚDIO CONTRA AS TORTURAS SOFRIDAS PELOS ADOLESCENTES DA FEBEM-FUNDAÇÃO CASA , UNIDADE RAPOSO TAVARES

NOTA DE REPÚDIO CONTRA AS TORTURAS SOFRIDAS PELOS ADOLESCENTES DA FEBEM-FUNDAÇÃO CASA , UNIDADE RAPOSO TAVARES

A Fundação Casa tem historicamente violado os direitos das crianças e dos adolescentes. A mudança de nome (FEBEM/Fundação Casa) não alterou um cotidiano de violações que acontecem de forma sistemática há mais de 30 anos e vem impondo a pior sorte aos adolescentes empobrecidos, que seletivamente são escolhidos para serem jogados em seus porões.

O silencio ensurdecedor da imprensa , dos partidos, dos sindicatos , dos movimentos em relação a essa situação , que nos afronta em nossa humanidade, tem servido a continuidade dessa ação violenta do estado!

O evento ocorrido na FEBEM da Raposo Tavares no último dia 14/06, quando os adolescentes foram barbaramente torturados, não podem mais ficar como se nada tivesse acontecido, já que os familiares, corajosamente, romperam com o perverso silêncio imposto pela FEBEM, que se vale (FEBEM), da responsabilidade do estado em garantir a vida e a segurança dos adolescentes, para chantagear e impor uma terrível mordaça, que consome a vida das famílias e comprometer os adolescentes!

Por isso exigimos, que seja garantido condições de vida para os adolescentes e seus familiares!

Exigimos a responsabilização do estado, nas figuras da Presidente da FEBEM e do Governador de São Paulo!

Exigimos a responsabilização do Governo Federal pela sua conivência e Omissão!

E exigimos a extinção da FEBEM-Fundação Casa!



Assinam:



Tribunal Popular: o estado brasileiro no banco dos réus

Amparar

MNU

Grupo Tortura Nunca Mais-SP

Centro de Direitos Humanos de Sapopemba

MNDH Regional SP

Mães de Maio

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, BH-MG.

Movimento Indígena Revolucionário - MIR

Apropuc

ACAT-Brasil

CSP Conlutas

Fórum Regional de Defesa do Direito da Criança e do Adolescente -Sé

Centro Acadêmico de História da Unifesp - Coord. Regional SP da Federação do Movimento Estudantil de História

Alipio Freire

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O direito ao centro da cidade


Por Passa Palavra

A repressão e as tentativas de cooptação e desmobilização popular a serviço da expulsão das populações pobres das áreas centrais das grandes cidades são um exemplo cabal das violações de direitos humanos e sociais fundamentais. Por Marcelo Lopes de Souza [*]

segal-5Não pretendo, com o título deste artigo, (ser mais um a) banalizar e abusar da fórmula lefebvriana do “direito à cidade”. Na verdade, diante de interpretações cada vez mais “aguadas” dessa expressão – convertida em um simpático slogan, à disposição de interesses tão diferentes quanto os de movimentos sociais emancipatórios, intelectuais de esquerda com e sem aspas, ONGs, instituições governamentais e organismos internacionais –, cabe, isso sim, clamar por um mínimo de clareza político-estratégica, ao mesmo tempo em que cumpre relembrar: para o marxista heterodoxo Henri Lefebvre, o “direito à cidade” não se reduzia a simples conquistas materiais específicas (mais e melhor infraestrutura técnica e social, moradias populares, etc.) no interior da sociedade capitalista. O “direito à cidade” corresponde ao direito de fruição plena e igualitária dos recursos acumulados e concentrados nas cidades, o que só seria possível em outra sociedade. [1]

Complementarmente, vale a pena lembrar as contribuições do neoanarquista Murray Bookchin a propósito do tema da “urbanização sem cidades”: para ele, cada vez mais temos uma urbanização que, aparentemente de maneira paradoxal, se faz acompanhar pela dissolução das cidades em um sentido profundo, sociopolítico. [2] O que se tem, cada vez mais, são entidades espaciais enormes, mas crescentemente desprovidas de verdadeira vida pública. Há, em meio a uma espécie de antítese cada vez mais nítida entre urbanização e “cidadização” (“citification”: neologismo que, em Bookchin, significa a formação de cidades autênticas, com uma vida pública vibrante), uma lição fundamental a ser extraída: sem a superação do capitalismo e de sua espacialidade, o que vulgarmente se vai acomodando por trás da fórmula do “direito à cidade” não passa e não passará jamais de migalhas ou magras conquistas, por mais importantes que possam ser para quem padece, nas favelas, loteamentos irregulares e outros espaços segregados, com a falta de saneamento básico, com riscos ambientais elevados, com doenças e com a ausência de padrões mínimos de conforto.

No entanto, a essencialmente geográfica questão da localização (na sua relação com a acessibilidade [3]) está por trás de atritos que se vêm avolumando nos últimos anos. Há um “direito” específico (não em sentido imediatamente jurídico, mas sim em sentido moral), de ordem “tática”, que deveria ser compreendido nos marcos de uma luta mais ampla, “estratégica”: o direito de a população pobre permanecer nas áreas centrais das nossas cidades. Esse “direito moral”, os esquemas e programas de “regularização fundiária” vêm tentando, para o bem e para o mal, converter em um direito legal assegurado (segurança jurídica da posse). No caso das favelas, avançou-se bastante no terreno legal, desde os anos 80; em se tratando de ocupações de sem-teto, e em especial de ocupações de prédios, porém, quase tudo ainda resta por fazer – inclusive no que se refere ao desafio de, ao “regularizar”, não (re)inscrever, pura e simplesmente, um determinado espaço plenamente no mundo da mercadoria, adicionalmente favorecendo a destruição de formas alternativas de sociabilidade (que florescem em várias ocupações) e a cooptação dos moradores. [4]

As favelas têm sido, há mais de um século, precursoras de uma luta pelo direito de residir nas áreas centrais. Se tomarmos o caso emblemático do Rio de Janeiro, verificaremos que essa luta já se inicia com a virada do século XIX para o século XX, assumindo contornos particularmente dramáticos com a erradicação, na esteira da reforma urbanística do prefeito Pereira Passos (1902-1906), de muitos cortiços e casas de cômodos: precisamente essa erradicação em massa, verdadeira “limpeza étnica” que mostra bem o espírito antipopular do que foi a República Velha, alimentou a suburbanização (a rigor, periferização) e, também, a favelização dos pobres.

segal-10Contudo, as favelas, espaços de resistência tão importantes até poucas décadas atrás – os quais, a partir da mobilização da Favela de Brás de Pina (em 1965), no Rio de Janeiro, desenvolveram uma tenaz luta contra as remoções promovidas durante o Regime Militar, que foi encampada pela antiga Federação das Associações de Favelas do Estado da Guanabara (FAFEG) –, foram, aos poucos, tombando vítimas da cooptação, da despolitização e de seus múltiplos agentes: políticos clientelistas, traficantes de drogas, igrejas neopentecostais… A atuação de uma pletora de ONGs (animadas por indivíduos de classe média), a partir sobretudo dos anos 90, longe de reverter o quadro, talvez até o tenha, em parte, agravado, ao se tentar impulsionar uma “inclusão social” às custas da verdadeira mobilização popular e da conscientização crítica.

O fato é que, nas áreas centrais, as favelas foram ocupar terrenos que poderiam ser qualificados de “terras marginais”, historicamente desprezadas pelos mais aquinhoados (encostas de morros, beira de rios e canais). [5] Hoje em dia, o movimento dos sem-teto, que tenta resgatar a bandeira da reforma urbana do “tecnocratismo de esquerda” que a arrebatou na década de 90, [6] ocupa, muitas vezes, terrenos periféricos (como é o caso em São Paulo, em Salvador, em Belo Horizonte e mesmo no Rio de Janeiro), mas também territorializa, outras tantas vezes, prédios “abandonados” e ociosos (a exemplo de São Paulo, Porto Alegre e, principalmente, do Rio de Janeiro).

Já quase não há terrenos vazios em áreas centrais, passíveis de ocupação. As favelas localizadas nos arredores do CBD (Central Business District), isto é, da área econômica central (nos casos em que ainda há uma: essa geometria veio se tornando cada vez mais relativa e complexa com o passar das décadas), são, via de regra, muito antigas e consolidadas. São sobreviventes das ondas de remoções e despejos do passado, em particular daquelas dos anos 60 e 70. Mas, por força de vários fatores (falências fraudulentas, dinâmicas internas ao próprio aparelho de Estado…), há uma quantidade apreciável de domicílios vagos no Brasil, muitos assim deixados especulativos ou em decorrência de processos que, mesmo não sendo sempre intencionais, geram um “passivo social e espacial”. O contraste desse imenso estoque de domicílios vagos com as estimativas referentes ao déficit habitacional brasileiro é esclarecedor acerca da motivação básica para o surgimento e expansão do movimento dos sem-teto no Brasil. [7] No que se refere, especificamente, à luta para permanecer nas áreas centrais, cabe ressaltar que, para os moradores das ocupações − que são, na sua esmagadora maioria, trabalhadores informais, muitos deles ambulantes −, morar nas proximidades do CBD significa residir perto dos locais em que comercializam seus produtos, sem sofrer excessivamente com custos de transporte. Algo fundamental, portanto − isso sem falar na infraestrutura técnica e social, há muito consolidada nas áreas centrais das cidades.

Por outro lado, o capital vê na “revitalização” de áreas centrais, justamente, um riquíssimo veio a ser explorado. Já nos anos 80 David Harvey, desdobrando um insight sobre a importância crescente da produção do espaço (e não somente no espaço) para acumulação capitalista que originalmente remete a Henri Lefebvre, havia discutido a relevância do “circuito secundário” da acumulação de capital. [8] Este circuito é aquele que se vincula não à produção de bens móveis, mas sim à produção de bens imóveis, isto é, do próprio ambiente construído. O capital imobiliário (fração do capital um tanto híbrida, que surge da confluência de outras frações) tem, nas últimas décadas, assumido um significado crescente, na interface com o capital financeiro – às vezes com consequências globalmente catastróficas, como se pode ver pelo papel da bolha das “hipotecas podres” na crise mundial que eclodiu em 2008. Pelo mundo afora, a contribuição da construção civil na formação da taxa de investimento foi-se tornando cada vez mais expressiva, nas últimas décadas. E em todo o mundo – das Docklands, em Londres, a Puerto Madero, em Buenos Aires –, “revitalizar” espaços obsolescentes (presumidamente “mortos”, pelo que se vê com o ostensivo uso ideológico de um termo como “revitalização”) tem sido um dos expedientes principais na criação de novas “frentes pioneiras urbanas” para o capital.

segal-8No Rio de Janeiro, a disputa entre as ocupações de sem-teto e os interesses ligados à “revitalização” da Zona Portuária e do Centro – a qual gravita ao redor do projeto do “Porto Maravilha”, [9] em que, com o respaldo da política repressiva batizada pela Prefeitura de “Choque de Ordem”, se tenta promover uma “gentrificação” [10] em larga escala – vai ficando mais e mais evidente e tensa. Diversos pesquisadores do Núcleo de Pesquisas sobre Desenvolvimento Sócio-Espacial (NuPeD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) têm desenvolvido estudos que mostram essas tensões. [11]

Em São Paulo tem-se um processo análogo, que gira em torno do projeto da “Nova Luz”, de revitalização da “Cracolândia” e adjacências. [12] E, também analogamente, está-se diante, também em São Paulo, de um “regime urbano” [13] caracterizável como conservador e repressivo, identificado com o “empresarialismo urbano” e não com a reforma urbana (nem mesmo na sua versão “domesticada”, “tecnocrática de esquerda”, levada à caricatura pelo Ministério das Cidades do governo Lula).

Em meio a uma “democracia” representativa ritualmente celebrada por meio de eleições regulares, na qual os direitos políticos formais são básica e aparentemente respeitados, direitos humanos e sociais fundamentais são, entretanto, sistematicamente violados. Atualmente, a repressão e as tentativas de cooptação e desmobilização popular a serviço da expulsão das populações pobres das áreas centrais das grandes cidades são um exemplo cabal dessas violações de direitos. Considerando a disparidade de meios econômicos, propagandísticos e de violência à disposição dos contendores, trata-se de uma luta tremendamente desigual. Mas, contra a força dos argumentos, nem sempre o “argumento” da força prospera indefinidamente. Vale lembrar do lema aprovado pela Asamblea Popular de los Pueblos de Oaxaca, no México, em 2007: “Nosotros no podemos con sus armas. Ustedes no pueden con nuestras ideas.”

Agradecimento

Agradeço a Daniela Batista Lima pelo levantamento dos dados atualizados sobre déficit habitacional e domicílios vagos no Brasil que constam da nota 7.

Notas

[*] Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

[1] Focalizei essas questões em “Which right to which city?
In defence of political-strategic clarity”. Interface: a journal for and about social movements, 2(1), pp. 315-333. Disponibilizado na Internet (http://interface-articles.googlegroups.com/web/3Souza.pdf) em 27/05/2010.

[2] Ver, de Murray Bookchin, Urbanization without Cities. The Rise and the Decline of Citizenship. Montreal e Cheektowaga: Black Rose Books, 1992.

[3] O tema da acessibilidade foi interessantemente trabalhado por Kevin Lynch em seu admirável livro Good City Form (Cambridge [MA], The MIT Press, 1994 [1981]). (Há uma tradução para o português, intitulada A boa forma da cidade, publicada em 2007 pelas Edições 70, de Lisboa.)

[4] Esse é o sentido, portanto, da ressalva que fiz antes: “para o bem e para o mal”. Sem dúvida que a segurança jurídica da posse é uma demanda tradicional e legítima das populações dos espaços segregados que, por sua situação ilegal ou irregular, sofre toda sorte de discriminações, intimidações e violências. A questão é que a regularização fundiária também se presta a uma facilitação da (re)inserção de espaços no circuito formal do mundo da mercadoria. E mais: em se tratando, sobretudo, de ocupações de sem-teto, que muitas vezes têm sido interessantes ambientes de experimentação de formas de organização e socialização alternativas (em certos casos chegando até mesmo à autogestão e formas bastante “horizontais” de organização política), um esquema de regularização fundiária pode, dependendo de sua natureza, desestruturar toda uma vida de relações e prejudicar certas iniciativas e atividades dos moradores. Valores e hábitos cultivados com dificuldade, como assembleias regulares, compartilhamento de responsabilidades, cooperação sistemática, rotatividade de tarefas, etc. podem vir a ser solapados, sendo substituídos completamente ou quase completamente pelo individualismo e pelo privatismo.

[5] A expressão “terras marginais” lembra a teoria da renda da terra, sistematizada por Ricardo e aprimorada por Marx. No entanto, há objeções bastante razoáveis à transposição da reflexão marxiana (ou ricardiana) para o espaço urbano, objeções que, em larga medida, compartilho (ver, por exemplo, a tese de doutorado de Csaba Deák, Rent Theory and the Price of Urban Land.
Spatial Organization in a Capitalist Economy, de 1985 [http://www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/c_deak/CD/3publ/85r-thry/CD85rent.pdf]). Utilizo aqui aquela expressão, por conseguinte, em um sentido mais livre, sem que o leitor ou a leitora deva pressupor que estou querendo forçar uma analogia.

[6] Vide, sobre esse assunto, o meu livro A prisão e a ágora. Reflexões sobre a democratização do planejamento e da gestão das cidades (Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2006).

[7] Segundo estimativas da Fundação João Pinheiro (Déficit habitacional no Brasil - Municípios selecionados e microrregiões geográficas, Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro, 2005, 2.ª ed.), o déficit habitacional brasileiro já montava, em 2000, a 7,2 milhões de domicílios. Contudo, segundo relatório de julho de 2010 do Ministério das Cidades, baseado em levantamentos da Fundação João Pinheiro, o déficit habitacional no Brasil estimado para 2008 teria baixado para cerca de 5,6 milhões de domicílios, dos quais 83% estariam localizados nas áreas urbanas (http://www.cidades.gov.br/noticias/deficit-habitacional-brasileiro-e-de-5-6-milhoes/). (Para 2007, a Fundação João Pinheiro, em estudo com data de junho de 2009, havia estimado o déficit habitacional em aproximadamente 6,3 milhões de domicílios, dos quais 82,6% localizados nas áreas urbanas [http://www.fjp.gov.br/index.php/servicos/81-servicos-cei/70-deficit-habitacional-no-brasil].) Os números da Fundação João Pinheiro sobre o déficit habitacional brasileiro me parecem conservadores; mas, seja lá como for, a ordem de grandeza dos números referentes ao estoque de domicílios é a mesma, embora os valores sejam um pouco mais elevados. Segundo dados divulgados pelo Ministério das Cidades, os domicílios vagos em condições de serem ocupados e em construção, em todo o Brasil, correspondiam, em 2008, a 7,2 milhões de imóveis, dos quais 5,2 localizados em áreas urbanas (vide “link” supracitado); e conforme a Fundação João Pinheiro, em todo o Brasil seriam cerca de 7,3 milhões de imóveis não ocupados, dos quais aproximadamente 5,4 milhões localizados em áreas urbanas; desse total, 6,2 milhões estariam em condições de serem ocupados - o restante estaria em construção ou em ruínas, este último caso correspondendo a uma minoria de cerca de 300 mil unidades (vide “link” supracitado).

[8] Ver, de Harvey, “The urban process under capitalism: A framework for Analysis” (incluído em The Urbanization of Capital, Baltimore, The Johns Hopkins University Press, 1985). De Lefebvre, vale a pena começar por A revolução urbana (a edição que consultei é espanhola: La revolución urbana, Madrid, Alianza Editorial, 1983 [1970], 4.ª ed.; há uma edição brasileira, publicada em Belo Horizonte pela Editora UFMG, em 1999) e prosseguir com A produção do espaço (La production de l’espace, Paris, Anthropos, 1981 [1974]).

[9] O “site” oficial do projeto é: http://www.portomaravilhario.com.br/

[10] “Gentrificação” é um horrível termo técnico, aportuguesamento canhestro do inglês “gentrification”, ou nobilitação, enobrecimento. Na literatura especializada, trata-se do processo, menos ou mais violento, menos ou mais gradual, de substituição da população pobre por atividades econômicas de alto status (shopping centres, prédios de escritórios, etc.) e residências para as camadas mais privilegiadas.

[11] De maneira às vezes mais direta, às vezes mais indireta, é o caso da tese de doutorado de Tatiana Tramontani Ramos (em andamento) e das dissertações de mestrado de Eduardo Tomazine Teixeira (defendida em 2009), Matheus da Silveira Grandi (defendida em 2010), Rafael Gonçalves de Almeida (em andamento), Marianna Fernandes Moreira (em andamento) e Amanda Cavaliere Lima (em andamento).

[12] O “site” oficial do projeto é: http://www.novaluzsp.com.br/

[13] O conceito de “regime urbano” (urban regime) foi proposto por Clarence Stone (“Urban regimes and the capacity to govern: A political economy approach”, Journal of Urban Affairs, 15[1], 1993, pp. 1-28) para caracterizar as combinações de formas institucionais e interesses econômicos (especialmente interesses e pressões de classe) que se expressam na qualidade de estilos de gestão específicos: uns mais abertos à pressão dos trabalhadores e permeáveis à participação popular (com ou sem aspas), outros mais repressivos e refratários a uma agenda “progressista”, e por aí vai. Mesmo que a classificação de Stone não deva ser transposta irrefletidamente para uma realidade bem diferente da estadunidense, como a brasileira, a ideia do conceito é útil em si mesma.


http://passapalavra.info/?p=37960

tirado de: forumregionaldcase.blogspot.com/2011/04/artigoo-direito-ao-centro-da-cidade.html

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Plenária Extraordinária do FAS-SP por Orçamento 2011

O Fórum da Assistência Social da cidade de São Paulo convida usuários, trabalhadores e entidades/organizações da assistência social para a plenária extraordinária para discutir sobre o orçamento da assistência social para 2011. Recordamos que não está garantido o reajuste dos valores do convênio para o próximo ano, por isso esta plenária será de extrema importância para definirmos os passos que deveremos dar para garantir os valores e novamente a qualidade dos serviços venham a ser penalizados. É preciso, também, garantir os recursos para as pré-conferências e conferência municipal no próximo ano.

Verifique on-line, o Compartivo dos Orçamentos 2010/2011 (Plan1 & Plan 2)
Plenária Extraordinária do FAS-SP Assunto: orçamento 2011 Local: SEFRAS (Franciscanos)

terça-feira, 16 de março de 2010

SMADS empurra com a barriga a assistencia social em São Paulo

Apesar de algumas portaria baixadas a prefeitura de São Paulo continua com os convenios indefinidos e sem dar sinais de que 2010 será um ano mais próspero para os serviços assistenciais. Na verdade demoram a apresentar as novas configurações da política da SMADS pois não sabem como esconder as intensões autoritáras que transforma a clientela da assistencia em outro perigoso ou despresível. Querem fechar os Crecas, albergues, deixam núcleos sócio-educativos com recursos minguados e se alinham com o Ministério Público para estarem respaldados quando apreenderem e internarem jovens e adultos usuários de drogas ou moradores de rua, praticam a política assistencial aumentando o número de internações na Fundação Casa, avisam o MP para parecer que não fazem nada fora da lei... Totodoido!!!!!!!!!!!!!


http://forumassistenciasocial.blogspot.com/

O Fórum da Assistência Social da Cidade de São Paulo convoca as mantenedoras e diretores das entidades da assistência social de São Paulo para a reunião do dia 23 de março de 2010, das 9 às 12 horas, no Instituto Pólis, rua Araújo, 124 - República.
Haverá a presença da Secretaria Municipal da Assistência Social.
Pauta:
- Nova portaria 28.
- Estado de greve dos trabalhadores da assistência social.
- Propostas da SMADS para a rede conveniada.