quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O Brasil queima! A imprensa mente...


Enquanto a imprensa não consegue perder o foco na comédia bufa do senado federal, o Brasil queima. Os jornalistas, como bobos da corte, entretêm a sociedade com as intrigas e fofocas da corte brasileira, discutem factóides da política nacional com intenções claramente políticas de transformar em campanha contra a corrupção, seu apoio incondicional ao PSDB e Democratas – na verdade é uma campanha anti-PT. Toda a lama que o jornalismo chafurda acaba por desembocar nos tucanos e democratas e, sem nenhuma vergonha, a imprensa abafa o caso para não respingar na oposição ao Lula.
Estamos entre a cruz e a espada ou entre a ditadura do centro e o fascismo ultraliberal. Até Ciro Gomes tira proveito dos descontentamentos à esquerda do governo Lula, querem tirá-lo da presidência junto com Sarney, mas para colocar quem no lugar? As propostas e projetos mais destoantes infelizmente só agradam parcelas da classe média que o fundo não tem representatividade e peso relevante, afinal de contas que é que vota pensando em meio ambiente? O brasileiro vota pensando na fome e na polícia, na casa e na saúde e para aqueles que atacam as políticas sociais dizendo que benefício é facilitar demais e que induz a preguiça, a reforma eleitoral que veta ampliação de políticas como o Bolsa Família vem a calhar.
Por hora os que se indignam com a violência policial, com os maus tratos e injúria, pela exclusão e discriminação, explodem em fúria queimando ônibus e enfrentando o Choque. A rede Globo, inquestionavelmente apoiando Serra, publica uma matéria absurda sobre os conflitos em Heliópolis – região da cidade que interessa à mídia apenas quando há um fato de violência, se as ruas não pegam fogo os jornais nem lembram que faltam escolas, telecentros, empregos e creches – apontando como verossímil a promessa de cestas básicas para quem da comunidade que participasse da manifestação, ainda enfatizando: "Até o momento as cestas básicas não foram distribuídas". Como se a morte da adolescente de 17 anos fosse irrelevante diante do fato. Incendiar pneus é o mínimo que a sociedade precisa fazer para devolver com asco e rancor o que as elites vem nos ofertando há séculos.
Vamos provocar tumultos e incêndios não só em resposta a violência direta do Estado, mas visando também os despautérios da reforma política, o insulto da reforma da educação, que transforma o ensino médio em núcleo socioeducativo com oficininhas e aulas fantasia – com a desculpa da interdisciplinariedade – e principalmente devemos jogar pedra na vidraça do descaso de um Estado que é grande pra bater e inexistente para acolher. A mídia segue se preocupando com os escândalos da corte e injuriando a população, deslegitimando suas manifestações mais justas, como baluartes da moralidade acusam a todos de bandidos e mentirosos, nesse sentido talvez seja ai o único momento em que políticos e pobres estão no mesmo patamar: quando difamados nos jornais.
Quem é inteligente não acredita em nada da grande imprensa e nem perde tempo discutindo a celeuma das elites políticas que reformam por debaixo do pano enquanto nos distraímos lendo a Veja.